Nas avenidas sinuosas com nomes que remetem às estâncias balneares internacionais ou nos chalets rodeados de grandes jardins, o Monte Estoril conserva ainda a memória do núcleo de veraneio que foi até meados do século XX. A Vila Sarah, no cruzamento da Rua de Trouville com a Rua de Nice é um exemplo paradigmático desta paisagem arquitetónica e da memória de outros tempos.
A história da Vila Sarah é uma história de amor e de família. Construída como retiro de verão, um tributo à esposa de quem a encomendou, tem uma presença simultaneamente moderna e romântica. Ao longo das décadas, a vila teve outros usos e ao seu redor foram sendo acrescentados novos volumes sem grande interesse arquitetónico e patrimonial, criando uma aparência pesada ao conjunto e tirando protagonismo ao edifício original.
A intervenção visa recuperar o uso original – a habitação – e dar continuidade à narrativa familiar, desenvolvida em quatro eixos. Em primeiro lugar, a reabilitação e preservação da Vila Sarah, devolvendo ao chalet o seu protagonismo. Em segundo lugar, a reinterpretação de um segundo volume existente no terreno, a Vila Helena, reconstruída numa linguagem mais atual. Em terceiro, a construção de um novo núcleo de habitação, uma terceira Vila também ela mais contemporânea, a Vila Ema. A esta tríade mãe, filha e neta, vem juntar-se um quarto núcleo onde são desenvolvidos apartamentos organizados como vilas-pátio. Com aparência enterrada e coberturas ajardinadas vêm reinventar a relação formal entre os vários núcleos e conferem ao conjunto uma aparência mais leve e verde.
O programa desenvolve-se em 11 apartamentos e cinco vilas. A relação com este passado de veraneio predomina em cada fração, os alçados sul são marcados por generosas varandas com vista sobre o mar e os jardins privados entram para as habitações. Cada um destes núcleos tem a sua personalidade e características específicas, criando um conjunto harmonioso e um resultado distintivo.