Junta-se à equipa do Fragmentos em 2017 como assistente, passa pelo Departamento de Desenvolvimento Comercial e, em 2023, assume as funções de Coordenadora Financeira. Leia a biografia completa aqui.
Juntou-se à equipa do Fragmentos há 6 anos. De que forma é que o crescimento e as alterações pelas quais o atelier passou ao longo destes anos foi sentido no seu trabalho?
Aos 41 anos tive de começar do zero, acho que foi um dos momentos mais desafiantes da minha vida. Não foi fácil, mas ter acontecido no Fragmentos fez toda a diferença. O atelier estava num ritmo de crescimento bastante intenso. Tudo acontecia em simultâneo, muitas propostas (novas e em curso), a internacionalização, os preparativos para a comemoração dos 25 anos e, com tudo isto, não sobrava muito tempo para pensar na organização de uma forma mais consistente e disciplinada. Se, por um lado, não tinha mãos a medir, por outro, foi nesse momento de intensidade que eu percebi que havia um caminho para mim no atelier, ligado à organização, planeamento e gestão.
Eu não fazia ideia, e acho que a maioria das pessoas também não faz, do que é o trabalho de um arquiteto. Todos sabemos que um arquiteto projeta espaços e edifícios, mas isto exige inúmeras outras funções e responsabilidades. Para além de planear e coordenar todo o trabalho de projeto, há uma forte componente de gestão: de equipas, de timings, de normas, e ainda todo o trabalho de assessoria e dedicação ao cliente. É uma loucura! No meio deste turbilhão percebi que a minha experiência, vinda de outras empresas e países, poderia de alguma forma contribuir para melhorar a qualidade do trabalho no atelier. Foi com base neste objetivo de melhorar a nossa produtividade que procurei encontrar ferramentas e caminhos que, acredito, têm impacto direto no atelier, e sei que só o fiz porque aterrei num sítio com muita vontade de crescer e evoluir, que aposta também na evolução e crescimento dos seus colaboradores: há nos sócios uma enorme capacidade de escuta e isto dá-nos uma grande liberdade para crescermos no e com o Fragmentos.
Formada em Direção e Gestão Hoteleira, e com uma carreira que passou por Paris, Rio de Janeiro, Funchal ou Paraty, o que é que traz destas vivências para o seu trabalho no atelier?
Paris trouxe-me pragmatismo, foco e organização. Deu-me pouco calor humano, mas muita capacidade de querer e fazer acontecer. Este lado mais pragmático conduziu-me numa pesquisa por métodos e processos que facilitassem a vida do atelier, como por exemplo, a implementação de um software de gestão que é hoje uma ferramenta essencial para a gestão e planeamento de todos os departamentos.
Do Brasil, contrariamente ao que sempre esperam, não vou dizer o jogo de cintura. Não que não o tenha, aliás, tenho bastante (risos), mas acho que esta característica é bem portuguesa e nós esquecemo-nos disso. Do Brasil trouxe tanto… Para além do chavão da alegria de viver, eu diria que ganhei a capacidade de encarar o dia a dia com maior leveza, aprendi a relativizar e a ver sempre o copo meio cheio. Trabalhar para a solução e não em cima do erro. Os brasileiros têm uma enorme capacidade de “se levantarem”. Hoje a palavra da moda é resiliência mas eu prefiro a palavra persistência, do latim Persistere, Per, “totalmente” e Sistere “manter-se firme, ficar em pé”. E esta valência foi claramente o Brasil que ma deu.
Da Madeira, eu diria que o maior contributo para o atelier foram todas as viagens que já ajudei a organizar no Fragmentos e para os seus amigos e famílias (risos). Tenho o sonho de organizar uma ida do atelier à Madeira com o mote da arquitetura.
E da gestão hoteleira, o que é que traz desta área para a arquitetura?
Um dos grandes desafios em hotelaria é a coordenação entre os vários departamentos. Para uma estadia estar à altura das expetativas dos seus hóspedes nenhum departamento pode falhar. E num atelier de arquitetura não é muito diferente. Tudo tem de estar em sintonia para que os clientes fiquem realizados com o produto final. E, tal como na hotelaria, não é só o produto, mas toda a vivência aliada a um conjunto de experiências, sensações e, indo mais longe, mesmo emoções. Para que isto resulte e ultrapasse as expetativas dos clientes precisamos de um backoffice (termo roubado à hotelaria) a 100%, e é para estes 100% que eu espero estar a contribuir.
Falo do que as minhas experiências anteriores trouxeram ao Fragmentos mas é certo que o atelier também me tem acrescentado muito. Aprende-se muito a trabalhar com arquitetos. São pessoas muito completas, interagem com vários tipos de pessoas, dominam muitas áreas de conhecimento e têm uma característica fabulosa, são pessoas extremamente curiosas, com uma sede de saber que me inspira todos os dias.
De que forma é que a consolidação de um Departamento Financeiro impacta o crescimento do atelier?
Apesar de estarmos a trabalhar com arte, temos de olhar para um atelier como uma empresa, não deixa de o ser. Sem uma gestão financeira eficaz, dificilmente alcançaremos os nossos objetivos de crescimento. A estratégia de crescimento para o atelier tem de andar de mão dada com a gestão financeira. Um departamento financeiro bem consolidado permite-nos tomar decisões assertivas, antecipar falhas a fazer uma melhor análise de desempenho. É um pouco como os limites na educação dos nossos filhos. Saber que há limites, permite que as crianças se sintam em liberdade dentro desses limites e se sintam seguras para explorar e crescer. Aqui, o paralelo é exatamente entre os limites e a consolidação. A consolidação do Departamento Financeiro dá-nos asas para crescermos com alguma segurança.