Palácio de Tavira

O projeto combina reabilitação patrimonial e construção nova num dos edifícios mais emblemáticos do centro histórico da cidade de Tavira, o Palácio dos Tavares. Datado dos séculos XVIII e XIX, o palácio foi preservado em toda a sua integridade formal: as fachadas mantêm a sua escala, ritmo e ordenamento clássico, e os detalhes de cantaria, cerâmica decorativa e ferro forjado foram cuidadosamente recuperados. A escadaria em pedra do século XVIII, elemento estrutural e simbólico do edifício, foi integralmente restaurada, reforçando a continuidade do carácter nobre e aristocrático do palácio. Ao mesmo tempo, a intervenção técnica garantiu melhorias estruturais, isolamento acústico e térmico, segurança e conforto, adaptando o edifício à nova função sem comprometer a sua identidade histórica.
No logradouro do palácio surge a Medina, uma construção nova que adota uma linguagem fragmentada e orgânica, contrastando com a rigidez clássica e europeia do palácio. A Medina organiza-se em volumes interligados que, através de um jogo de cheios e vazios, formam pátios, terraços, passagens, escadas e ruelas interiores, evocando as açoteias algarvias e a as medinas mouriscas. A diversidade de cotas, níveis e percursos cria uma experiência quase labiríntica, que convida à deambulação e define ritmos visuais e sensoriais que se vão alterando consoante o ponto de vista. Cada pátio ou passagem funciona como um espaço de transição e descoberta, oferecendo enquadramentos únicos e diferentes relações com a luz natural.

Terraço, ambiente
Jardim, pormenor

Localização, Tavira, Faro
Cliente, UPI Lisbon
Área, 2.350 m2
Fase, Construído
Ano, 2018-2025

Arquitetura, Fragmentos
Especialidades, A400
Arquitetura interiores, Isabel Câmara Pestana
Arquitetura paisagista, Polen
Fiscalização, Oyster PM
Construtora, MAE
Medições, Arq. Hugo Pombo
Imagens, 4+ Arquitetos
Fotografia, Francisco Nogueira

O Palácio e a Medina, em conjunto, criam o Palácio de Tavira, um projeto que integra reabilitação e construção nova, tradição e contemporaneidade, numa experiência espacial diversificada que promove um jogo de descoberta, e reflete uma arquitetura profundamente enraizada no lugar e na história da cidade e da região.

O conceito do projeto assenta na complementaridade entre memória e contemporaneidade, uma dualidade representada pelo Palácio e pela Medina. O primeiro preserva a presença histórica e a solidez clássica, enquanto a segunda explora a plasticidade formal e a liberdade compositiva, respondendo à escala urbana do centro histórico e à topografia do terreno. A intervenção valoriza a relação entre interiores e exteriores, entre percursos contínuos e recantos íntimos, permitindo que cada espaço seja percebido de forma distinta e que a luz e a sombra modifiquem a experiência ao longo do dia. Cria-se um diálogo constante entre os dois edifícios: a continuidade volumétrica e a coerência material garantem harmonia, enquanto a diversidade formal e espacial da Medina introduz dinamismo. A intervenção privilegia também a relação com a envolvente, estabelecendo vistas e enquadramentos que conectam os pátios e terraços à cidade, ao rio Gilão e ao mar.

Deslizar
Entrada, ambiente
Zona de estar
Quarto, pormenor
I.S. privada, ambiente
Quarto e terraço, ambiente
Zona de Circulação
Piscina, ambiente
Fachada principal, pormenor
Vista aérea