Artigos Reconhecimentos

Espaços de trabalho e de bem-estar

Alcântara, localizada no extremo ocidental de Lisboa, tornou-se, no século XIX a primeira zona industrial da cidade. Pólo de grandes unidades industriais, dos tecidos à metalúrgica, assim permaneceu durante cerca de um século. Hoje, boa parte destas antigas estruturas industriais permanece abandonada ou foi adaptada a outros usos. É o caso de dois armazéns industriais situados na Rua Maria Isabel Saint-Léger. Após desativados e tendo passado por diferentes usos, estão agora a ser convertidos num complexo de escritórios de uso misto com várias áreas em open space. Os edifícios serão unificados e, no seu interior, serão criados pátios ajardinados onde o verde se desenvolve até às coberturas, visando melhorar as condições habitacionais e funcionais. A memória do passado industrial permanece na recuperação das fachadas e coberturas, onde serão mantidos e replicados alguns detalhes originais. No interior, esta relação com o uso anterior ganha uma nova interpretação. Pelos 3.700 m2 de área dos dois edifícios são distribuídas zonas de escritório, salas de conferências e, no piso térreo, espaços de acesso semipúblico, dedicados à realização de eventos. Os interiores privilegiam o uso do metal invocando uma materialidade mais crua típica do uso original destes edifícios.

Estivemos à conversa com Francisco Ferreira, Head of Sales and Marketing da Prime e com os arquitetos, Maria do Rosário Jacinto e Jorge Ferreira, que partilharam alguns detalhes deste projeto.

 

A Prime comprou dois armazéns com o objetivo de desenvolver um projeto de reabilitação e conversão num único edifício de escritórios. Fale-nos um pouco sobre a pré-existência.

Os edifícios originais são da segunda metade do século XIX. A génese daquele quarteirão é engraçada. Basicamente ali encontrava-se uma espécie de sopa dos pobres, daí chamar-se Cozinha Económica Principal. Serviu de cozinha económica durante décadas até depois ser compartimentada em vários armazéns, de várias indústrias, a última das quais pertencente à empresa à qual comprámos o edifício, que se dedicava sobretudo ao setor da logística. (Francisco Ferreira)

 

Alcântara tem características muito particulares. De que forma é que este projeto pode valorizar esta área da cidade?

Esta zona da cidade está ainda muito marcada por um passado industrial, já tem sido feito um trabalho interessante ao nível da reabilitação e conversão, mas ainda encontramos muitos armazéns abandonados ou subaproveitados. Acredito que o Saint-Léger seja realmente um projeto diferenciador, não só na forma como se reabilita e trata o espaço, mas também no âmbito do que será o seu uso, os escritórios. O que encontramos nesta área da cidade ao nível dos escritórios ou são espaços mais antigos, a precisar de alguma obra e modernização ou, por contraste, outros espaços muito recentes, mas também muito formais e pré-formatados. O nosso projeto situa-se no meio destes extremos. Vai ter, não só, um aspeto industrial, como também vai ter todo o tipo de equipamento necessário para suprir as necessidades dos futuros utilizadores. (Francisco Ferreira)

 

Qual é o objetivo final e o target deste projeto? O que é que o público-alvo procura e porque é que esta é uma solução interessante?

A principal vantagem deste edifício é ir beber um pouco daquilo que são as necessidades atuais das empresas que, desde o Covid, procuram, não só, que um espaço responda às suas necessidades de trabalho, mas também às suas necessidades pessoais. Diria que é uma excelente solução para qualquer tipo de empresa que procure um espaço único, integrado numa área urbana próxima ao rio que tem todo o tipo de serviços e comércio que vem complementar esse lado do lifestyle que tanto valorizamos. Ao nível de acessibilidades vão ficar ainda mais bem servidos com o metro que irá surgir a cerca de 500 metros de distância. (Francisco Ferreira)

Quando iniciámos este projeto, em 2019, tínhamos um objetivo que teve de ser revisto ao longo do processo. O desenho inicial apontava para um espaço muito mais formal que ia de encontro ao entendimento do promotor e do mercado. Depois da pandemia houve uma alteração no entendimento da forma como estes espaços de trabalho têm de funcionar. Esta nova abordagem já é muito mais aberta, muito mais flexível e com muito foco neste balanço que o Francisco falou entre a vida pessoal e a vida profissional. Com o objetivo claro de que as pessoas se sentissem confortáveis e com vontade de ir trabalhar. (Maria do Rosário Jacinto)

 

Fale-nos um pouco sobre a pré-existência. Como transformar armazéns, espaços com ventilação limitada e falta de luz natural num local de trabalho confortável e convidativo?

Encontrámos dois armazéns muito compactos e foi necessária fazer uma desmaterialização. O elemento fulcral que a arquitetura trouxe a estes espaços foi a introdução de pátios. Não apenas para promover a salubridade e a entrada de luz mas para que os colaboradores pudessem usufruir do exterior no interior do edifício. Estes pátios estão associados a áreas de uso mais social e não são elementos muito comuns nos edifícios de escritórios. (Maria do Rosário Jacinto)

Uma das premissas do projeto foi realmente tornar todo o espaço agradável e confortável para o trabalho. Respeitando a traça das naves e a métrica dos vãos, criámos rasgos para permitir a entrada de luz. A luz é um dos principais desafios, para além da abertura de pátios que funcionam como verdadeiros poços de luz, a proposta aposta ainda na introdução de claraboias que permitem trazer luz natural para um segundo piso que não existia e que nascerá do aproveitamento do pé-direito destes armazéns. (Jorge Ferreira)

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Alcântara, localizada no extremo ocidental de Lisboa, tornou-se, no século XIX a primeira zona industrial da cidade. Pólo de grandes unidades industriais, dos tecidos à metalúrgica, assim permaneceu durante cerca de um século. Hoje, boa parte destas antigas estruturas industriais permanece abandonada ou foi adaptada a outros usos. É o caso de dois armazéns industriais situados na Rua Maria Isabel Saint-Léger. Após desativados e tendo passado por diferentes usos, estão agora a ser convertidos num complexo de escritórios de uso misto com várias áreas em open space. Os edifícios serão unificados e, no seu interior, serão criados pátios ajardinados onde o verde se desenvolve até às coberturas, visando melhorar as condições habitacionais e funcionais. A memória do passado industrial permanece na recuperação das fachadas e coberturas, onde serão mantidos e replicados alguns detalhes originais. No interior, esta relação com o uso anterior ganha uma nova interpretação. Pelos 3.700 m2 de área dos dois edifícios são distribuídas zonas de escritório, salas de conferências e, no piso térreo, espaços de acesso semipúblico, dedicados à realização de eventos. Os interiores privilegiam o uso do metal invocando uma materialidade mais crua típica do uso original destes edifícios.

Estivemos à conversa com Francisco Ferreira, Head of Sales and Marketing da Prime e com os arquitetos, Maria do Rosário Jacinto e Jorge Ferreira, que partilharam alguns detalhes deste projeto.

 

A Prime comprou dois armazéns com o objetivo de desenvolver um projeto de reabilitação e conversão num único edifício de escritórios. Fale-nos um pouco sobre a pré-existência.

Os edifícios originais são da segunda metade do século XIX. A génese daquele quarteirão é engraçada. Basicamente ali encontrava-se uma espécie de sopa dos pobres, daí chamar-se Cozinha Económica Principal. Serviu de cozinha económica durante décadas até depois ser compartimentada em vários armazéns, de várias indústrias, a última das quais pertencente à empresa à qual comprámos o edifício, que se dedicava sobretudo ao setor da logística. (Francisco Ferreira)

 

Alcântara tem características muito particulares. De que forma é que este projeto pode valorizar esta área da cidade?

Esta zona da cidade está ainda muito marcada por um passado industrial, já tem sido feito um trabalho interessante ao nível da reabilitação e conversão, mas ainda encontramos muitos armazéns abandonados ou subaproveitados. Acredito que o Saint-Léger seja realmente um projeto diferenciador, não só na forma como se reabilita e trata o espaço, mas também no âmbito do que será o seu uso, os escritórios. O que encontramos nesta área da cidade ao nível dos escritórios ou são espaços mais antigos, a precisar de alguma obra e modernização ou, por contraste, outros espaços muito recentes, mas também muito formais e pré-formatados. O nosso projeto situa-se no meio destes extremos. Vai ter, não só, um aspeto industrial, como também vai ter todo o tipo de equipamento necessário para suprir as necessidades dos futuros utilizadores. (Francisco Ferreira)

 

Qual é o objetivo final e o target deste projeto? O que é que o público-alvo procura e porque é que esta é uma solução interessante?

A principal vantagem deste edifício é ir beber um pouco daquilo que são as necessidades atuais das empresas que, desde o Covid, procuram, não só, que um espaço responda às suas necessidades de trabalho, mas também às suas necessidades pessoais. Diria que é uma excelente solução para qualquer tipo de empresa que procure um espaço único, integrado numa área urbana próxima ao rio que tem todo o tipo de serviços e comércio que vem complementar esse lado do lifestyle que tanto valorizamos. Ao nível de acessibilidades vão ficar ainda mais bem servidos com o metro que irá surgir a cerca de 500 metros de distância. (Francisco Ferreira)

Quando iniciámos este projeto, em 2019, tínhamos um objetivo que teve de ser revisto ao longo do processo. O desenho inicial apontava para um espaço muito mais formal que ia de encontro ao entendimento do promotor e do mercado. Depois da pandemia houve uma alteração no entendimento da forma como estes espaços de trabalho têm de funcionar. Esta nova abordagem já é muito mais aberta, muito mais flexível e com muito foco neste balanço que o Francisco falou entre a vida pessoal e a vida profissional. Com o objetivo claro de que as pessoas se sentissem confortáveis e com vontade de ir trabalhar. (Maria do Rosário Jacinto)

 

Fale-nos um pouco sobre a pré-existência. Como transformar armazéns, espaços com ventilação limitada e falta de luz natural num local de trabalho confortável e convidativo?

Encontrámos dois armazéns muito compactos e foi necessária fazer uma desmaterialização. O elemento fulcral que a arquitetura trouxe a estes espaços foi a introdução de pátios. Não apenas para promover a salubridade e a entrada de luz mas para que os colaboradores pudessem usufruir do exterior no interior do edifício. Estes pátios estão associados a áreas de uso mais social e não são elementos muito comuns nos edifícios de escritórios. (Maria do Rosário Jacinto)

Uma das premissas do projeto foi realmente tornar todo o espaço agradável e confortável para o trabalho. Respeitando a traça das naves e a métrica dos vãos, criámos rasgos para permitir a entrada de luz. A luz é um dos principais desafios, para além da abertura de pátios que funcionam como verdadeiros poços de luz, a proposta aposta ainda na introdução de claraboias que permitem trazer luz natural para um segundo piso que não existia e que nascerá do aproveitamento do pé-direito destes armazéns. (Jorge Ferreira)