Artigos Reconhecimentos

Spotlight: Isabel Pereira

Em 2003, junta-se à equipa do Fragmentos e em 2016 assume as funções de coordenadora de projeto. Três anos mais tarde, torna-se uma das arquitetas associadas do atelier. Leia a biografia completa aqui.

 

Lidera uma equipa muito jovem. Quando falamos de uma nova geração, falamos de uma nova forma de aprender e de uma nova velocidade. Como lida com este desafio?

Esta geração muito jovem representa um desafio muito interessante. Mostram que a sociedade é cada vez mais rápida e levam-nos a acompanhar esse ritmo, o que é um ponto positivo. Da parte da coordenação exige mais atenção, porque muitas vezes rapidez pode trazer algum desfoque e a exigência atual da sociedade não passa apenas pelo tempo, mas também pela qualidade. É um prazer liderar uma equipa jovem e dinâmica, sendo muito motivante passar para esta faixa mais jovem a paixão do espírito da empresa e viver com a equipa a entrega e dinamismo deste modo de trabalhar com garra.

Uma das especialidades da sua equipa são as residências de estudantes. Inaugura este mês a residência António Granjo. Quais as principais diferenças entre projetar habitações multifamiliares e residências de estudantes?

Essencialmente é um projeto com um tipo de cliente completamente distinto. Uma residência de estudantes exige mais negociação institucional com entidades legais e tem uma exigência/rapidez nos timings a cumprir e no budget a respeitar para que o mesmo tenha viabilidade construtiva. Exige uma gestão ao nível de cliente (gestão de expectativas) económica, não emocional. O projeto tem que sair bem, rápido e gerar lucro. Não há margem para derrapes em timings. Tem bastantes intervenientes no processo sendo bastante dinâmico ocupando grande parte do tempo de produção em interações. O projeto habitacional tem mais exigência emocional e personalizado. “Fazer o fato à medida do freguês”. É uma relação de anos com o cliente final, desde o primeiro esboço à entrega da chave, acabando por ser também bastante exigente e igualmente motivador.

Sabemos que quando a restrição de custo é grande, o arquiteto é obrigado a fazer escolhas difíceis. Para si, onde não é possível abrir mão?

Penso que não será abrir mão. Passa por reprogramar. Como em tudo na vida há sempre mais do que uma solução para o mesmo problema. Muitas vezes os projetos são ajustados já após projeto de execução, quando se chega à estimativa de custos da obra ou em fase de concurso de empreitada, para encaixar no budget pretendido. Estamos num momento particularmente difícil, uma vez que os preços de construção estão cada vez mais elevados, podendo inviabilizar projetos. Procuramos estar ao lado dos nossos clientes para conseguir levar o projeto até ao fim. Vou dar um exemplo pratico que nos aconteceu na residência do Granjo. Para alcançar o budget sem perder a essência do projeto optámos por em fase de obra reduzir a dimensão de vãos e armários. Um pequeno detalhe que não comprometeu as condições de habitabilidade do projeto nem requisitos mínimos, hoje acreditamos que melhorou até a imagem do mesmo e permitiu chegar mais perto do valor viável para a construção. Trabalhamos também muito em parceria com as empresas de construção, fornecedores e gestão de projeto na procura de soluções alternativas mais económicas e igualmente viáveis para alcançar o valor pretendido, alterando por exemplo as marcas dos equipamentos ou os revestimentos previstos inicialmente para idênticos, mas mais económicos. Fundamental neste processo para nós e para os clientes manter o princípio base, de ter como produto final uma peça de arquitetura de referência na qual o cliente se sinta bem e feliz ao ocupar ou viver, sem alterar a essência do projeto da qual nos possamos orgulhar.

Quais são os três projetos que mais a desafiaram? 

É tão difícil esta pergunta, porque efetivamente e felizmente para mim cada projeto tem representado um novo desafio. Ao longo dos tempos tenho tocado em várias áreas de projeto, cada uma com as suas características tão distintas.

Projeto de reabilitação de habitação multifamiliar, na Rua da Madalena - Foi o primeiro projeto habitacional com intervenção total que acompanhei do primeiro ao último dia. Cresci imenso neste projeto. Em fase de obra obrigou a  um acompanhamento do projeto devido a vários problemas que foram surgindo, nomeadamente na gestão da construção. Foi uma obra muito exigente com várias vicissitudes. Constantemente em reprogramação. Exigiu muita entrega e com isso muito crescimento. Ganhei neste projeto muita noção do verdadeiro construir. O Acompanhamento de obra é fundamental na aprendizagem de um arquiteto. O cliente, inicialmente apenas o promotor, acabou por ser já em fase final cada um dos compradores. Posso dizer que conheço o parafuso desse projeto. Exigiu muito esforço e entrega.

Projeto Lombos, uma residência de estudantes, em Carcavelos - Foi a passagem para uma área distinta. Um novo uso, um novo programa, um tipo de cliente distinto, uma passagem para uma pluridisciplinaridade de equipas intervenientes, um acréscimo de responsabilidade e um acréscimo de exigência para o produto final.

Projeto She, em Cascais - Projeto residencial no Monte Estoril que representa um misto de reabilitação pura com construção nova. Um sem numero de intervenientes desde o cliente formado por duas entidades (uma delas um fundo estrangeiro), com uma gestão de projeto bastante ativa e exigente, mas que também sido um forte parceiro em todo o processo, uma equipa de comunicação e vendas da parte do cliente que participou no projeto desde cedo, uma interação muito forte com a camara municipal e várias entidades legislativas, uma vez que o projeto se localiza numa área sensível com fortes requisitos urbanísticos e uma legislação exigente, a integração ou coordenação com as equipas de especialidades, com projetos complexos devido às exigências do projeto pelos equipamentos e sistemas a integrar para obter um projeto de luxo e sustentável com forte preocupação energética e por fim a coordenação e interação com uma equipa internacional de decoração que veio acrescentar valor e complexidade ao projeto. Representou também uma forte gestão interna do trabalho e equipa. Tem sido um prazer e ao mesmo tempo uma luta ou desafio em cada uma das fases. Fechámos recentemente o projeto de execução e acredito que seja um projeto a acompanhar de muito perto até ao seu último dia, que trará surpresas, principalmente por envolver reabilitação num edifício classificado. Não tenho dúvidas que será um projeto de referência com a assinatura Fragmentos.

 

Em 2003, junta-se à equipa do Fragmentos e em 2016 assume as funções de coordenadora de projeto. Três anos mais tarde, torna-se uma das arquitetas associadas do atelier. Leia a biografia completa aqui.

 

Lidera uma equipa muito jovem. Quando falamos de uma nova geração, falamos de uma nova forma de aprender e de uma nova velocidade. Como lida com este desafio?

Esta geração muito jovem representa um desafio muito interessante. Mostram que a sociedade é cada vez mais rápida e levam-nos a acompanhar esse ritmo, o que é um ponto positivo. Da parte da coordenação exige mais atenção, porque muitas vezes rapidez pode trazer algum desfoque e a exigência atual da sociedade não passa apenas pelo tempo, mas também pela qualidade. É um prazer liderar uma equipa jovem e dinâmica, sendo muito motivante passar para esta faixa mais jovem a paixão do espírito da empresa e viver com a equipa a entrega e dinamismo deste modo de trabalhar com garra.

Uma das especialidades da sua equipa são as residências de estudantes. Inaugura este mês a residência António Granjo. Quais as principais diferenças entre projetar habitações multifamiliares e residências de estudantes?

Essencialmente é um projeto com um tipo de cliente completamente distinto. Uma residência de estudantes exige mais negociação institucional com entidades legais e tem uma exigência/rapidez nos timings a cumprir e no budget a respeitar para que o mesmo tenha viabilidade construtiva. Exige uma gestão ao nível de cliente (gestão de expectativas) económica, não emocional. O projeto tem que sair bem, rápido e gerar lucro. Não há margem para derrapes em timings. Tem bastantes intervenientes no processo sendo bastante dinâmico ocupando grande parte do tempo de produção em interações. O projeto habitacional tem mais exigência emocional e personalizado. “Fazer o fato à medida do freguês”. É uma relação de anos com o cliente final, desde o primeiro esboço à entrega da chave, acabando por ser também bastante exigente e igualmente motivador.

Sabemos que quando a restrição de custo é grande, o arquiteto é obrigado a fazer escolhas difíceis. Para si, onde não é possível abrir mão?

Penso que não será abrir mão. Passa por reprogramar. Como em tudo na vida há sempre mais do que uma solução para o mesmo problema. Muitas vezes os projetos são ajustados já após projeto de execução, quando se chega à estimativa de custos da obra ou em fase de concurso de empreitada, para encaixar no budget pretendido. Estamos num momento particularmente difícil, uma vez que os preços de construção estão cada vez mais elevados, podendo inviabilizar projetos. Procuramos estar ao lado dos nossos clientes para conseguir levar o projeto até ao fim. Vou dar um exemplo pratico que nos aconteceu na residência do Granjo. Para alcançar o budget sem perder a essência do projeto optámos por em fase de obra reduzir a dimensão de vãos e armários. Um pequeno detalhe que não comprometeu as condições de habitabilidade do projeto nem requisitos mínimos, hoje acreditamos que melhorou até a imagem do mesmo e permitiu chegar mais perto do valor viável para a construção. Trabalhamos também muito em parceria com as empresas de construção, fornecedores e gestão de projeto na procura de soluções alternativas mais económicas e igualmente viáveis para alcançar o valor pretendido, alterando por exemplo as marcas dos equipamentos ou os revestimentos previstos inicialmente para idênticos, mas mais económicos. Fundamental neste processo para nós e para os clientes manter o princípio base, de ter como produto final uma peça de arquitetura de referência na qual o cliente se sinta bem e feliz ao ocupar ou viver, sem alterar a essência do projeto da qual nos possamos orgulhar.

Quais são os três projetos que mais a desafiaram? 

É tão difícil esta pergunta, porque efetivamente e felizmente para mim cada projeto tem representado um novo desafio. Ao longo dos tempos tenho tocado em várias áreas de projeto, cada uma com as suas características tão distintas.

Projeto de reabilitação de habitação multifamiliar, na Rua da Madalena - Foi o primeiro projeto habitacional com intervenção total que acompanhei do primeiro ao último dia. Cresci imenso neste projeto. Em fase de obra obrigou a  um acompanhamento do projeto devido a vários problemas que foram surgindo, nomeadamente na gestão da construção. Foi uma obra muito exigente com várias vicissitudes. Constantemente em reprogramação. Exigiu muita entrega e com isso muito crescimento. Ganhei neste projeto muita noção do verdadeiro construir. O Acompanhamento de obra é fundamental na aprendizagem de um arquiteto. O cliente, inicialmente apenas o promotor, acabou por ser já em fase final cada um dos compradores. Posso dizer que conheço o parafuso desse projeto. Exigiu muito esforço e entrega.

Projeto Lombos, uma residência de estudantes, em Carcavelos - Foi a passagem para uma área distinta. Um novo uso, um novo programa, um tipo de cliente distinto, uma passagem para uma pluridisciplinaridade de equipas intervenientes, um acréscimo de responsabilidade e um acréscimo de exigência para o produto final.

Projeto She, em Cascais - Projeto residencial no Monte Estoril que representa um misto de reabilitação pura com construção nova. Um sem numero de intervenientes desde o cliente formado por duas entidades (uma delas um fundo estrangeiro), com uma gestão de projeto bastante ativa e exigente, mas que também sido um forte parceiro em todo o processo, uma equipa de comunicação e vendas da parte do cliente que participou no projeto desde cedo, uma interação muito forte com a camara municipal e várias entidades legislativas, uma vez que o projeto se localiza numa área sensível com fortes requisitos urbanísticos e uma legislação exigente, a integração ou coordenação com as equipas de especialidades, com projetos complexos devido às exigências do projeto pelos equipamentos e sistemas a integrar para obter um projeto de luxo e sustentável com forte preocupação energética e por fim a coordenação e interação com uma equipa internacional de decoração que veio acrescentar valor e complexidade ao projeto. Representou também uma forte gestão interna do trabalho e equipa. Tem sido um prazer e ao mesmo tempo uma luta ou desafio em cada uma das fases. Fechámos recentemente o projeto de execução e acredito que seja um projeto a acompanhar de muito perto até ao seu último dia, que trará surpresas, principalmente por envolver reabilitação num edifício classificado. Não tenho dúvidas que será um projeto de referência com a assinatura Fragmentos.