Artigos Reconhecimentos

Spotlight: Teresa Barbosa

Em 2005, junta-se à equipa do Fragmentos e em 2017 assume as funções de coordenadora de projeto. Dois anos mais tarde, torna-se uma das arquitetas associadas do atelier. Leia a biografia completa aqui.

 

Juntou-se ao Fragmentos há 18 anos e acompanhou de perto a evolução e crescimento do atelier. Como é que viu este crescimento e como influenciou a adoção de novos procedimentos e formas de trabalhar?

Sou, realmente, uma das pessoas mais antigas do Fragmentos, mas importa percebermos que este crescimento mais acentuado é relativamente recente, face à vida do atelier. Pela minha maneira de ser, fui talvez das pessoas mais céticas face a este crescimento. Não por não acreditar na capacidade do ativo que o Fragmentos já constituía, mas por receio de perder o ambiente familiar que tão bem nos caracteriza e destaca. Mas como em tudo o resto da minha vida, uma vez vencida a primeira resistência à mudança, revela-se uma natural capacidade de adaptação e deixo-me ir na corrente (risos). Sou uma pessoa muito curiosa, e essa curiosidade tem sido o motor que “empurra” alguma desta resistência inicial. É com grande entusiasmo que hoje vejo o atelier crescer, de forma sólida. Esse crescimento trouxe-me a possibilidade de coordenar hoje a equipa 05, constituída por mais cinco pessoas cheias de talento, em fases diferentes da sua formação, o que enriquece a forma de trabalhar de todos nós. Os novos procedimentos, aos quais ainda nos estamos a adaptar, foram introduzidos precisamente para agilizar o planeamento e a produção de uma equipa em crescimento, mas também para permitir ao atelier manter-se na crista de uma onda de avanços tecnológicos que se revela exponencial. Falo de ferramentas de projecto, como o REVIT e o BIM, que honestamente já não ambiciono dominar, mas cuja evolução gosto muito de poder ir acompanhando, dentro do atelier.

A equipa 05 tem sido responsável por grande parte dos projetos de habitação de média dimensão do atelier. Como encara a relação com este tipo de cliente, o cliente particular, em comparação com o promotor imobiliário?

O tipo de relação com um cliente particular e com estes projetos de habitação de média dimensão, é em si, bastante desafiante. Cada projeto é feito e pensado à medida das necessidades do cliente, em busca de um resultado único e original, e esse cliente é na grande parte das vezes o utilizador final. Torna-se, por isso, mais pessoal, obrigando-nos a conhecê-lo melhor, para irmos de encontro às suas necessidades, gostos ou até sonhos. Já com um promotor imobiliário, a relação é estabelecida a outro nível, exploram-se as melhores soluções que vão de encontro às exigências do mercado, a sistematização de soluções e tipo de construção são fatores que entram em jogo, e a viabilidade da solução é sempre tida em linha de conta. O Excel assume aqui um protagonismo muito maior, com implicação direta no sucesso do investimento!

Desenhar um projeto novo ou reabilitar um espaço?

Um misto dos dois, mas diria reabilitar porque pressupõe uma pré-existência, um ponto de partida, mesmo que o que venha a sobrar dessa origem seja apenas “uma pedra”... A recriação de um espaço, consoante o seu interesse patrimonial, obriga a um estudo mais ou menos aprofundado da sua história e intervir numa obra de reabilitação implica passar pelo desafio de encontrar a linha condutora que permite o equilíbrio entre o respeito pelo que foi, pelo que ainda é, e a abertura à novidade. Aqui, a reabilitação permite aliar-se com a construção nova, através do cunho da contemporaneidade. Tudo isto nas medidas, mistura e tempo certos, o que nem sempre é óbvio e obriga a um controlo preciso nas várias fases do projeto. Eu diria que ao contrário da construção nova, onde a intervenção do arquiteto é mais exigente na sua fase inicial (explorar o conceito, projetar os espaços…), na reabilitação, o resultado do projeto traduz-se no nível de sucesso do relacionamento do arquiteto com a obra, e na sua abertura e investimento ao longo de todo o processo.

Quais são os três projetos que mais a desafiaram?

Curiosamente (ou talvez não) são todos obras de reabilitação: a reabilitação de um edifício na rua do Salitre, em Lisboa. Tratou-se de intervir num edifício, pré-pombalino, que já tinha passado, entre outros usos, por uma escola. O programa passou pela implementação de seis apartamentos, de diferentes tipologias. Trabalhar com a equipa de estruturas, que revelou desde o início um enorme respeito pela construção original, a par com o dono de obra (particular), igualmente dedicado e interessado, permitiu que chegassemos a um resultado final de que muito me orgulho.

Destaco ainda a reabilitação de um condomínio habitacional em Sesimbra. Tratou-se de aproveitar “o osso” de uma pré-existência, que nunca tinha chegado a obter licença de utilização. A intervenção não lhe alterou o uso, mas, aproveitando uma grande parte da estrutura, foi possível alterar completamente a configuração dos 28 apartamentos cujas tipologias se tinham tornado desadequadas com o passar dos anos. A topografia da encosta e a implantação da construção, permitiu ainda jogar com as coberturas (jardins) e pátios interiores (recurso a espaços exteriores e luz natural) que trouxeram uma enorme mais valia ao produto final. O maior desafio foi o ajustar do projeto à realidade da obra, à medida que as demolições iam revelando imprevistos vimo-nos obrigados a um acompanhamento e acertos constantes, superiores aos que normalmente acontecem numa obra de construção exclusivamente nova.

Por último, um projeto ainda em desenvolvimento, um condomínio habitacional em Marvila. Trata-se de uma intervenção num terreno onde existem dois grandes armazéns e um edifício de habitação “chalé”, todos devolutos. O terreno apresenta uma grande diferença de cota deste a rua e tanto os acessos como a implementação do programa, obrigaram a diferentes estudos, passando pela proposta de reabilitação integral dos armazéns até à fase atual que pressupõe apenas a reabilitação da pré-existência habitacional e restante construção nova para habitação.

 

Em 2005, junta-se à equipa do Fragmentos e em 2017 assume as funções de coordenadora de projeto. Dois anos mais tarde, torna-se uma das arquitetas associadas do atelier. Leia a biografia completa aqui.

 

Juntou-se ao Fragmentos há 18 anos e acompanhou de perto a evolução e crescimento do atelier. Como é que viu este crescimento e como influenciou a adoção de novos procedimentos e formas de trabalhar?

Sou, realmente, uma das pessoas mais antigas do Fragmentos, mas importa percebermos que este crescimento mais acentuado é relativamente recente, face à vida do atelier. Pela minha maneira de ser, fui talvez das pessoas mais céticas face a este crescimento. Não por não acreditar na capacidade do ativo que o Fragmentos já constituía, mas por receio de perder o ambiente familiar que tão bem nos caracteriza e destaca. Mas como em tudo o resto da minha vida, uma vez vencida a primeira resistência à mudança, revela-se uma natural capacidade de adaptação e deixo-me ir na corrente (risos). Sou uma pessoa muito curiosa, e essa curiosidade tem sido o motor que “empurra” alguma desta resistência inicial. É com grande entusiasmo que hoje vejo o atelier crescer, de forma sólida. Esse crescimento trouxe-me a possibilidade de coordenar hoje a equipa 05, constituída por mais cinco pessoas cheias de talento, em fases diferentes da sua formação, o que enriquece a forma de trabalhar de todos nós. Os novos procedimentos, aos quais ainda nos estamos a adaptar, foram introduzidos precisamente para agilizar o planeamento e a produção de uma equipa em crescimento, mas também para permitir ao atelier manter-se na crista de uma onda de avanços tecnológicos que se revela exponencial. Falo de ferramentas de projecto, como o REVIT e o BIM, que honestamente já não ambiciono dominar, mas cuja evolução gosto muito de poder ir acompanhando, dentro do atelier.

A equipa 05 tem sido responsável por grande parte dos projetos de habitação de média dimensão do atelier. Como encara a relação com este tipo de cliente, o cliente particular, em comparação com o promotor imobiliário?

O tipo de relação com um cliente particular e com estes projetos de habitação de média dimensão, é em si, bastante desafiante. Cada projeto é feito e pensado à medida das necessidades do cliente, em busca de um resultado único e original, e esse cliente é na grande parte das vezes o utilizador final. Torna-se, por isso, mais pessoal, obrigando-nos a conhecê-lo melhor, para irmos de encontro às suas necessidades, gostos ou até sonhos. Já com um promotor imobiliário, a relação é estabelecida a outro nível, exploram-se as melhores soluções que vão de encontro às exigências do mercado, a sistematização de soluções e tipo de construção são fatores que entram em jogo, e a viabilidade da solução é sempre tida em linha de conta. O Excel assume aqui um protagonismo muito maior, com implicação direta no sucesso do investimento!

Desenhar um projeto novo ou reabilitar um espaço?

Um misto dos dois, mas diria reabilitar porque pressupõe uma pré-existência, um ponto de partida, mesmo que o que venha a sobrar dessa origem seja apenas “uma pedra”... A recriação de um espaço, consoante o seu interesse patrimonial, obriga a um estudo mais ou menos aprofundado da sua história e intervir numa obra de reabilitação implica passar pelo desafio de encontrar a linha condutora que permite o equilíbrio entre o respeito pelo que foi, pelo que ainda é, e a abertura à novidade. Aqui, a reabilitação permite aliar-se com a construção nova, através do cunho da contemporaneidade. Tudo isto nas medidas, mistura e tempo certos, o que nem sempre é óbvio e obriga a um controlo preciso nas várias fases do projeto. Eu diria que ao contrário da construção nova, onde a intervenção do arquiteto é mais exigente na sua fase inicial (explorar o conceito, projetar os espaços…), na reabilitação, o resultado do projeto traduz-se no nível de sucesso do relacionamento do arquiteto com a obra, e na sua abertura e investimento ao longo de todo o processo.

Quais são os três projetos que mais a desafiaram?

Curiosamente (ou talvez não) são todos obras de reabilitação: a reabilitação de um edifício na rua do Salitre, em Lisboa. Tratou-se de intervir num edifício, pré-pombalino, que já tinha passado, entre outros usos, por uma escola. O programa passou pela implementação de seis apartamentos, de diferentes tipologias. Trabalhar com a equipa de estruturas, que revelou desde o início um enorme respeito pela construção original, a par com o dono de obra (particular), igualmente dedicado e interessado, permitiu que chegassemos a um resultado final de que muito me orgulho.

Destaco ainda a reabilitação de um condomínio habitacional em Sesimbra. Tratou-se de aproveitar “o osso” de uma pré-existência, que nunca tinha chegado a obter licença de utilização. A intervenção não lhe alterou o uso, mas, aproveitando uma grande parte da estrutura, foi possível alterar completamente a configuração dos 28 apartamentos cujas tipologias se tinham tornado desadequadas com o passar dos anos. A topografia da encosta e a implantação da construção, permitiu ainda jogar com as coberturas (jardins) e pátios interiores (recurso a espaços exteriores e luz natural) que trouxeram uma enorme mais valia ao produto final. O maior desafio foi o ajustar do projeto à realidade da obra, à medida que as demolições iam revelando imprevistos vimo-nos obrigados a um acompanhamento e acertos constantes, superiores aos que normalmente acontecem numa obra de construção exclusivamente nova.

Por último, um projeto ainda em desenvolvimento, um condomínio habitacional em Marvila. Trata-se de uma intervenção num terreno onde existem dois grandes armazéns e um edifício de habitação “chalé”, todos devolutos. O terreno apresenta uma grande diferença de cota deste a rua e tanto os acessos como a implementação do programa, obrigaram a diferentes estudos, passando pela proposta de reabilitação integral dos armazéns até à fase atual que pressupõe apenas a reabilitação da pré-existência habitacional e restante construção nova para habitação.