Em janeiro de 2023 nasce o primeiro esboço do que viria a ser este livro. A partir daí, em 16 meses fez-se caber 30 anos. O livro, como objeto, reflete o exercício arqueológico que tínhamos em mãos, assumindo a tríade como marcador estrutural — os anos formadores, os anos transformadores e os anos inovadores — enlaçadas na história dos últimos 30 anos da arquitetura em Portugal. Na passagem das décadas, nomeadas a partir dos seus acontecimentos mais marcantes, a história do Fragmentos entrelaça-se com a de tantos outros ateliers nacionais. O Terremoto dos Açores (1998), a crise do Subprime (2008), o investimento em Angola (2012) ou a pandemia Covid-19 (2020) são alguns dos momentos abordados. A marcar o início de cada década irrompe um caderno azul. O azul abre e fecha a monografia, escorrendo do papel para a capa num único gesto. É um livro sobre projetos e sobre pessoas, mas acima de tudo, sobre processos, sobre o que está por trás. Este conceito traduz-se no tom dos textos, na inclusão de depoimentos de quem foi pontuando estas décadas, na utilização do esquisso e da ilustração e no próprio objeto, em que uma capa forte, minimalista, irreverente, revela, quando aberta, uma lombada a descoberto.