António Granjo
A reconversão de uma antiga fábrica
Localizado no Bonfim, Porto, o objetivo da intervenção foi a recuperação e conversão de um lote devoluto que albergava uma antiga fábrica de acabamentos num projeto misto de habitação e serviços, mantendo a memória da construção original.
A principal entrada pedonal e viária faz-se pela Rua António Granjo. Nesta frente de rua encontra-se o edifício destinado a habitação multifamiliar, com 16 apartamentos, e um edifício destinado a residência de estudantes, no qual se destaca a sua receção. No interior do quarteirão desenrola-se a continuação da residência de estudantes, distribuída pelos vários volumes. Na fachada principal do edifício com frente para a Rua António Granjo, foram valorizados os aspetos originais com a recuperação e reprodução de elementos construtivos e detalhes característicos do uso industrial. O terceiro piso, integrado na cobertura, possui uma linguagem mais contemporânea, marcada pelo uso de mansardas revestidas em zinco, na cor das caixilharias exteriores. Esta coexistência não cria um contraste, mas vem salientar a complementaridade e integração de todos estes elementos uns com os outros e com a envolvente, acrescentando contemporaneidade. Para além dos pátios, a dimensão do lote permitiu a criação de uma extensa área exterior comum, com zonas empedradas e um relvado. Para os arranjos exteriores foram aproveitadas algumas das espécies arbóreas existentes, com a Laranjeira, a Faia ou o Choupo, valorizando o verde que é típico dos espaços exteriores do Porto, bem como pedra existente no local para a criação de muros interiores aplicadas em zonas de estadia exteriores.
Localização, Porto, Portugal
Cliente, Promogranjo
Área, 10.520 m2
Fase, Construído
Ano, 2019 - 2022
Arquitetura, Ângelo Dias, Isabel Pereira, Marta Alves, Pedro Silva Lopes (in-house)
Especialidades, A400
Fiscalização, Alfaplan
Construtora, Garcia & Garcia
Medições, Tribato
Arquitetura paisagista, Greendreams
Fotografia, Fernando Guerra
Apesar da distinção de usos, o projeto foi encarado com uma linguagem unitária que pretendeu unir as pré-existências entre si, reforçando a identidade de lugar. A chaminé industrial existente foi mantida e recuperada como um elemento estético e de memória do passado, tornando-se central ao carácter do espaço.
O generoso pé-direito dos antigos armazéns permitiu a criação de dois pisos de habitação e a inserção de mais um piso integrado na cobertura. A introdução de vazios permitiu criar pátios, que transportam luz natural para as várias habitações e criam uma vivência de bairro entre as pessoas que vêm habitar estes espaços. O perfil das coberturas industriais, tão particular do desenho industrial, foi mantido mesmo nestas zonas de vazios.